quarta-feira, 21 de março de 2007

"Real e Fantástico Fato"


Zero Hora - Porto Alegre, Terça-feira, 20 de março de 2007 - pág. 71 - Crônica de Paulo Sant'Ana (foto)

"O fato é verídico, foi-me contado por um jornalista que começou assim o seu relato: 'Caro Sant'Ana. Sou jornalista e atuo em Caxias do Sul. O fato ocorreu aqui e se quiseres aproveitar na tua coluna só peço que preserves meu nome'. Estou com o e-mail aqui na minha mão e acabo de mostrá-lo para a metade da redação de ZH, provando ser real. Desconfio que foi o jornalista o homem que ajudou a vítima de furto e teme represália.
Aconteceu o seguinte: um homem dirigiu-se a um estacionamento em Caxias do Sul e ainda pôde ver um homem preparando-se para furtar o seu carro. O ladrão arrancou na frente do dono do carrom, que ficou a ver navios. Um outro cidadão que viu o ocorrido ofereceu-se para em seu carro perseguir o ladrão pelas ruas de Caxias. Num arrabalde semidistante do local do furto, o ladrão estacionou o carro furtado no meio-fio e entrou numa residência que deveria ser dele. A vítima e o cidadão que a ajudava estacionaram seu carro uns 30 metros atrás. A vítima tendo a chave de ignição do seu carro, desceu e foi lá, abriu a porta, ligou o carro e fugiu com ele.
Vivemos um tempo em que as vítimas de furtos roubam o seu próprio carro. Continuemos a história. O cidadão que ajudara a vítima ficou dentro do seu carro pro curiosidade, queria ver a realção do ladrão quandp saíse de cassa e visse que tinha sido furtado. Dito e feito, 1o minutos depois o ldrão saiu de sua casa com duas mulheres, provavelmente sua esposa e cunhada. Não acreditou no que viu o ladrão. Tinha sido levado o carro da frente de sua casa, ele não pôde orgulhosamente mostrar o furto do seu trabalho para a mulher e a cunhada.
E o cidadão que ajudara a vítima atento tudo no seu observatório. O ladrão estava visivelmente irritado e resolveu dar um comício na calçada, falava tão alto que chegou a atrair os vizinhos: 'Não é possível mais viver em Caxias do Sul atualmente. Não há segurança. Faz pouco mais de meia hora que roubei um carro e já me roubaram o veículo. Não dá mais para viver nessa cidade. E o pior é que acho que nem adianta dar queixa na polícia'".

Esta foi a história relatada por nossa professora de história quando abordavamos um assunto sobre princípios e as suas inversões na sociedade. A turma, é claro, caiu na gargalhada. Mas pensando criticamente, esta é uma situação que devemos tratar com cuidado. Na crônica já percebemos o estado da situação: "Vivemos um tempo em que as vítimas de furtos roubam o seu próprio carro". A sociedade se contradiz, atuando no seguinte paradoxo: ela cria amados princípios, como a generosidade, a justiça, a fraternidade, a igualdade, etc, mas acaba por não cumpri-los e, como vemos no fato, invertê-los.
Pois é, esta crônica confirma a máxima: "Não faça aos outros o que não queira que façam a voçê"!

Um comentário:

Anônimo disse...

Lembro que já era 1:30 da manhã do dia 21 quando dei de cara com essa coluna do Santana na Zero Hora (já velha) que lia. Com sono, virei a página e desliguei a luz sem lê-la.

Vejo que perdi uma das maiores piadas dos últimos tempos (da serra gaúcha).

O crime se alastrando e nós aqui, parados. Façamos igual a eles, roubemos os ladrões!

(: